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terça-feira, 3 de abril de 2012

Constantin Stanislavski




Desde pequeno Stanislavski teve contato com todos os tipos de artes, filho de um fabricante de tecidos, adotou o nome artístico de origem polonesa para não comprometer sua família . Sua primeira apresentação amadora ocorreu quando ainda tinha sete anos em um teatro que seu pai mandara construir em sua casa. Neste local, também conhecido como Círculo Alexeiev, aconteciam vários encontros com atores, diretores, músicos, artistas plásticos conhecidos. Após os casamentos na família, esses encontros começaram a ficar mais raros.

Em 1885 Stanislavski torna-se um dos cinco diretores da Sociedade Musica Russa, e, em 1888 ele funda a Sociedade Literária de Moscou, um grupo amador no qual passa a estudar a arte teatral com grandes personalidades da época, como o diretor Fiédotov. Este empreendimento não teve muito sucesso econômico, o que levou Stanislavski a arcar sozinho com todas as despesas, entretanto gradualmente ele se torna conhecido como um dos grandes atores russos

Após trocar correspondências com Vladímir Ivânovitch Niemiróvitch-Dântchenco (1858 – 1943), popular escritor e professor de arte dramática do Conservatório de Moscou; inicia, no dia 22 de junho de 1897, às 14h; no Slaviánski Bazar (Mercado Eslavo, nome de um restaurante), não só um conversa histórica, mas um diálogo, sobre um empreendimento, que marcaria o teatro no século XX: a fundação do Teatro de Arte (ou Artístico) de Moscou Acessível a Todos, que depois passaria a ser conhecido como o Teatro de Arte de Moscou (TAM)

Foi neste local que Stanislavski, durante anos, teve a oportunidade de testar métodos e técnicas no trabalho de preparação do ator. Muito destes foram deixados de lado e outros aprofundados. Estes seus estudos geraram o conhecido "sistema" Stanislavski (como ele mesmo o chamava), com suas várias facetas .

Os estilos do TAM

Laurence Senelick descreve que o primeiro grande sucesso do TAM foi a sua estréia com a peça Czar Fyodor Ioannovich de Lev Nikoláievich Tolstói (14 de Outubro de 1898) desenvolvida a partir de um arqueológico detalhamento naturalista em cena, uma inovação na cena contemporânea (pg.6). Entretanto o resto da temporada não teve tal sucesso, justamente pelo estilo naturalista que não serviu tão bem às outras peças. O que teria salvo o repertório foi a encenação da peça de Anton Tchekhov A Gaivota, sugerida por Danchenko que se tornaria um dos principais dramaturgos da companhia. As peças de Tchecov se tornaram um novo estilo nas encenações do TAM com seus longos silêncios, modulações sutís, todas submetidas ao extremo detalhamento naturalista (Senelick, pg.6).
Em 1902 Danchenko apontava as encenações de A Gaivota e O Inimigo do Povo de Ibsen como textos que ele havia sugerido, assim como Checov. Stanislavski, por outro lado, também gostava de peças fantásticas (fantasy plays) e de questões relativas a encenação, a técnicas de atuação. Em 1905, impressionado com experimentos de improvisação realizados por um dos atores Meierhold, convida-o a desenvolver seus trabalhos em busca de novas formas de interpretação para encenar Maeterlinck. Em 1907 as relações entre Danchenko e Stanislavski quase levam a ruptura do empreendimento.
Em 1908 Stanislavski vende sua parte das ações, e se limita a dirigir duas peças por temporada, com uma peça experimental que poderia ser vetada por Danchenko, que se tornara o diretor da companhia. A produção da experimental fantasia O Pássaro Azul por Stanislavski (1908 foi um sucesso tão grande que o leva a pensar num empreendimento semelhante para o próximo ano, daí surge o interesse de chamar o diretor inglês Edward Gordon Craig para encenar uma tragédia de William Shakespeare. Craig era um conhecido crítico do naturalismo



Jean Benedetti descreve que as primeiras anotações sobre o sistema foram feitas por Stanislavski ainda em 1906 e que sua primeira parte estava pronta já em 1920 (Benedetti, Stanislavski an Introduction, Kindle Ed.). Jaco Guinsburg descreve as inquietações de Stanislavski na busca de um forma teatral apurada: 'Nós estávamos protestando contra a forma de se atuar no palco, contra a teatrada e o pathos afetado, a declamação e a representação exageradas, contra o sistema de estrelato que arruinava o ensemble, contra o modo como as peças eram escritas, contra a insignificância dos repertórios. A fim de rejuvenescer a arte, declaramos guerra contra todos os convencionalismos do teatro: no desempenho, direção, cenários, trajes, entendimento das peças etc.'


Impulsionado por renovações cênicas, compromissos e por experiências ao longo de sua vida, Stanislavski criou, desenvolveu, sistematizou e aprimorou o que chamou de “sistema”. Este se embasava nas ações físicas, as quais [...], por sua vez, transmitem o espírito interior do papel que estamos interpretando [...], sendo elas abastecidas pela vida e pela imaginação que o ator empresta à personagem. Assim sendo, a partir de Stanislavski, ações físicas, espírito interior, imaginação, são palavras chaves e integradas em todos os métodos de interpretação para o ator desde então. Stanislavski afirma, sobre seu sistema: 'O sistema é um guia. Abra-o e leia-o. O sistema é um livro de referência, não uma filososfia. Quando a filosofia começa o sistema termina. Você não pode atuar no sistema: você pode trabalhar com ele em casa, mas, estando no palco, você deve colocá-lo de lado.(...)'

Não há sistema. Existe apenas a Natureza. O objetivo da minha vida tem sido chegar tão perto quanto possa ao assim chamado sistema, isto é da natureza da criação.

As leis da arte são as leis da Natureza. O nascimento de uma criança, o crescimento de uma árvore, a criação de uma personagem são elementos de uma mesma ordem. O estabelecimento de um sistema, isto é, as leis do processo criativo, é essencial porque no palco, pelo fato de ser público o trabalho da natureza é violado e suas leis são infringidas, o sistema re-estabelece estas leis, recoloca a natureza humana como a norma (...)

O primeiro aspecto do sistema é colocar o inconsciente para trabalhar. O segundo, assim que se inicia, é deixe-o de lado (leave it alone). (Benedetti, Stanislavski an Introduction, Kindle Ed.)


Ao todo, sobre o “sistema”, Stanislavski tem publicado em português um total de quatro obras: Minha Vida na Arte, A preparação do Ator, A Construção da Personagem e A Criação de um Papel; os três últimos livros, em nossa língua, foram traduzidos por Pontes de Paula Lima, da versão feita pela norte-americana Hapgood. Esta traduziu e editou apenas uma seleção dos escritos originais russos. Estas versões possuem omissões de palavras, frases, idéias e capítulos inteiros, que se originam de decisões de cortes da edição da tradutora norte-americana (Mauch e Camargo, 2010). Novas traduções tem sido realizadas em outras línguas, procurando-se traduzir a obra completa sem cortes, destaque-se Benedetti - inglês e Salomón Merener, ed. Quetzal - espanhol, esgotada (Mauch, Dellari e Camargo, 2010)


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